Passei noites e noites sonhando com minha bicicleta . Linda. Azul. Veloz. Mesmo acordado, sentado na janela, me via do lado de fora pedalando até a banca e pegando o jornal ou até a padaria pegando pão ou refrigerante de uva. Quase não esperei chegar dezembro e logo escrevi uma carta para o Papai Noel pedindo a bicicleta e pedindo desculpas por ter colado as páginas do caderno do Andrade com o Pedrinho na semana anterior.
Mas não me ache tolo. Eu sei que Papai Noel não existe. Mas isso não importa. O importante é a magia do natal (pelo menos foi o que mamãe disse quando entrei no quarto e vi o vovô colocando a barba falsa anos atrás).
Quando chegou na véspera, eu estava ansioso, pois não via sinal algum de bicicleta embaixo da árvore. A não se que tivessem comprado alguma dobrável em vários pedaços. Mas então, vendo minha aflição, papai foi na garagem e trouxe uma linda bicicleta para mim, dizendo que era presente do meu padrinho Tony, que não viria para ceia pois iria para praia com a nova namorada. Na hora não me importei muito com isso, só queria pedalar. Então a verdade apareceu na ceia. Não estava lá o dindo Tony para fazer castelo com a maionese e nem para fazer bolhas no refrigerante comigo. Também não teve um violão acompanhando meu teclado durante o Noite Feliz. E quando acordei não havia ninguém fazendo cócegas nos meus pés.
A bicicleta, então, já não brilhava tanto assim. E eu percebi que o importante do natal não são os presentes. E sim, estar presente.
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Devaneie