quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cap. 09: Escuro

Hoje o Andrade, o chato que senta do meu lado na sala, me chamou de bebezão porque tenho minha luzinha acesa no quarto na hora de dormir. Na hora fiquei triste, porque não sou bebê, mas tenho medo do escuro. Mas depois, enquanto olhava pela janela na hora do jantar, cheguei a conclusão que se eu sou bebê, todo mundo do lado de fora também é!
As pessoas tem medo de andar no escuro. Quando já é noite, todos ficam desconfiados. Olham mais para o lado, com olhos cautelosos. Abraçam forte suas bolsas e nem sorriem para mim. Sempre que ando a noite com mamãe ela me faz apressar o passo. Ela também tem medo de escuro. E olha que na rua nem tem armários.
Não acho que mamãe seja um bebezão. O escuro, afinal, é assustador.
Você não sabe o que tem na sombra, só supõe. É difícil levar a sério o ditado ver para crer. Pois é justamente quando não vemos que imaginamos, supomos.
Talvez não saia no jornal casos de ataques noturnos de monstros do armário como passam notícias de assaltos e acidentes. Mas todo mundo sabe que jornal é sensacionalista e não conta muitas verdades. Bom, pelo menos é o que o papai fala.
Claro que muita gente prefere acreditar que eles não existem, mas também não dá para todo mundo ter luzinha em casa. Mas acredito, que no fundo no fundo, todo mundo tem medo do escuro, mas tem mais medo ainda de parecer um bebezão.
As pessoas preferem fingir que está tudo bem, enquanto correm para a casa com luz acessa.


Um comentário:

  1. minha mãe dizia que "não existe nada no escuro que não exista no claro".
    o que ela não entendia é que o problema mesmo é o que existe no claro.

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Devaneie

 
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